A Barbie Feminista

Marianna Bortolini
3 min readJul 26, 2023

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Hi, Barbie! Sim, não teve jeito, também peguei a onda e fiquei curiosa para conferir o filme da Barbie, dirigido pela Greta Gerwig.

Bom, como eu disse para uma amiga minha, eu não estou surpresa pelo filme ser uma grande propaganda feminista — eu realmente acho que nunca ouvi a palavra “patriarcado” repetida tantas vezes em um período tão curto de tempo. Mas, a aceitação enorme da audiência me deixa sim um pouco preocupada.

Para ser sincera, eu não acompanho canais de críticas e opiniões de filmes, falo apenas baseado nos feedbacks que tenho visto por aí, passeando pelas redes sociais. E a grande maioria tem sim abraçado e aclamado o longa. E eu venho aqui compartilhar as minhas opiniões depois de conferir a produção.

Minha experiência foi bem negativa. Eu me senti desconfortável em grande parte do filme. Não muito pela representação feminina — a Margot Robbie está excelente, diga-se de passagem — e sim pela representação masculina do filme: os Kens (e o Allan) e a equipe corporativa da Mattel (ah, tem o marido da America também).

São figuras totalmente patéticas e bobalhonas. Eu entendo que o Ken é apenas o namorado da Barbie, eles até brincam com isso, de que ele não tem funções e empregos como a Barbie tem. Ele está totalmente ligado à Barbie e é completamente dependente dela. Até aí tudo bem, porque o boneco foi criado para isso, ser apenas o namorado da Barbie. Mas, esse estereótipo do homem fraco perpassa em literalmente todas as figuras masculinas do filme, nenhum se salva. E isso não é bom.

Entendo também que a crítica principal do filme é contra esse mundo dominado pelos homens, em que as mulheres são sim quase sempre estereotipadas. Então, o filme quis subverter isso. E críticas ao comportamento masculino são sim pertinentes, alguns homens precisam mudar seus pensamentos, atitudes e visão de mundo. Mas, ao não colocar nenhum homem que presta e, ao final do filme, trazer uma revolução feminista para os Ken, do meu ponto de vista, passa uma mensagem super negativa, a de que ser homem é ser ruim; ser homem é sinônimo de ser machista, imaturo e opressor. A visão de que nenhum homem presta.

Em relação ao papel feminino, eles insistem na questão da mulher forte™ — pelo menos dessa vez as ditas mulheres fortes são femininas, usam rosa e gostam de se arrumar — um ser totalmente independente e autossuficiente, reforçando um estereótipo que eles mesmos tentam combater com o filme.

Explico. Uma das cenas mais marcantes é o discurso da mãe, Glória, personagem da America Ferrera, sobre estar cansada da pressão de ser mulher, papel esse que converge diversos paradoxos, em que temos de ser tudo ao mesmo tempo. Eu sinceramente tendo a acreditar que essa pressão vem de nós mesmas e consequentemente da mania de querer agradar aos outros e mostrar que é forte e aguenta tudo. Ainda tem o pensamento de achar que será diminuída se demonstrar fraqueza e precisar de ajuda, questão essa muito cara aos homens, que parecem se sentir da mesma forma, em que demonstrar emoções é sinal de fraqueza e pedir ajuda é um sinal de que é incapaz.

Entende o que quero apontar aqui? Muito do que criticam nas personalidades masculinas, elas, as feministas, querem trazer para o mundo das mulheres. Elas têm que assumir tudo, estar à frente de tudo e suportar tudo. Isso não está certo! E isso é falta de fundamento, de ter bases sólidas do que é ser mulher e do que é ser homem, aliado a um pensamento que tem como essência destruir tudo que a civilização ocidental construiu.

Para vivermos em sociedade construir laços e redes de apoio são fundamentais. Uma harmonia entre o homem e a mulher é o que devemos buscar enquanto civilização, e não essa enorme separação de gêneros (fruto do pensamento esquerdista que acredita que tudo é uma grande luta de classes).

Não somos o suficiente: mulheres precisam dos homens e homens precisam das mulheres. Mulheres fortes e sensatas; homens fortes e responsáveis. Companheirismo, ajuda e respeito mútuos. Mulheres de verdade e homens de verdade; e não bonecos de plástico sem falhas, sempre bem humorados e capazes de suportar tudo, até não aguentarem mais.

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Marianna Bortolini

Cristã, jornalista, apaixonada por teologia, literatura, história, cinema e jogos de tabuleiro. 27 anos. Escrever é pensar.